domingo, janeiro 12, 2014

Às vésperas de uma Visita Imperial


 Por Jeremias Vunjanhe

Aliado a potências imperialistas e coloniais, o Japão quer construir e ampliar sua “zona de influência” e poder geoestratégico no continente africano: eis o real motivo da digressão pela África do Primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe.

O objectivo desta visita é imperial é perigoso. Uma disputa acirrada das grandes potências colonias pela posse e controlo dos recursos naturais africanos justifica esta prioridade japonesa pelo velho continente. Aliás, o próprio Primeiro-ministro japonês clarificou, da melhor forma possível e em primeira mão, as razões de fundo por detrás da sua viagem.


Desde que Shinzo Abe disse que o "Japão deve reforçar as suas relações com a África. Em meados do século 21, sem dúvida, a África estará no centro do desenvolvimento, por isso, se não investirmos lá agora, quando o faremos? Qual seria o momento certo? Agora é a hora de investir ", ficou claro que o Japão estava decidido a participar de forma decidida no novo processo pós-Berlim de partilha, divisão, ocupação e ocupação de África em pleno seculo XXI.

Debaixo de muito secretismo e escuridão incomum de um chefe de Governo, o Primeiro-ministro nipónico, acompanhado por mais de 50 grandes empresários, chega hoje a Maputo para uma visita oficial de Estado de três dias. A chegada da delegação de Shinzo Abe a Maputo está prevista para às 19 horas e 55 minutos de hoje, dia 11 de janeiro de 2013, no aeroporto internacional de Maputo, de onde seguirá para o Hotel Polana. Pelas 13 horas e 30 minutos do dia 12 de Janeiro de 2013, portando, amanhã domingo, o Primeiro-Ministro japonês participará de um seminário sobre oportunidades de negócio que contará com a presença de empresários de ambos os países. Shinzo Abe deixará Maputo na manhã de segunda-feira, 13 de Janeiro corrente rumo a Costa do Marfim, Etiópia e Omã.

Há seis meses que as autoridades de Maputo e de Tóquio trabalham coletivamente para viabilizar esta visita que, sobretudo, visa a conclusão das negociações de fornecimento de gás natural e desbloquear o financiamento destinado ao controverso programa de desenvolvimento de agricultura comercial nas savanas tropicais do norte de Moçambique, mais conhecido por ProSavana, congelado pelo Japão depois ter sido amplamente contestado e denunciado por camponeses e camponesas, famílias das comunidades do Corredor de Nacala, organizações religiosas e da sociedade civil moçambicanas, em Carta Aberta dirigida aos presidentes de Moçambique, Armando Gueguza, e do Brasil, Dilma Rousseff e do Primeiro-Ministro do Japão, Shinzo Abe.

Em Moçambique, as equipas conjuntas do ProSavana envolvendo Moçambique através do Ministério da Agricultura, Brasil por meio da Agência Brasileira de Cooperação-ABC e Japão por intermedio da Agência de Cooperação Internacional do Japão-JICA encarregaram-se por construir uma falsa pretensa arquitetura de diálogo durante a qual a estratégia principal foi omitir e distorcer toda a informação relevante além de manipular, intimidar e ameaçar representantes de comunidades de camponeses, activistas, líderes de organizações da sociedade civil e movimentos sociais que se opõe ao Prosavana. Na verdade, a equipa trilateral do ProSavana é portadora de uma direção e pensamento problemático, perigoso e contra os interesses soberanos dos camponeses e das camponesas.

Apesar da subordinação e conivência do executivo de Armando Guebuza face aos interesses capitalistas do Japão, os moçambicanos reagiram fortemente e estão decididos a manter-se na vanguarda popular para impedir o avanço do Programa ProSavana e da Nova Aliança para Segurança Alimentar e Nutricional em África. O povo moçambicano compreende muito bem o que está em jogo e por quê. A ofensiva neoliberal liderada pelos Estados Unidos da América e pelas autoridades de Tóquio potencialmente tem o mesmo padrão perverso e mortífero semelhante ao das decisões da Conferência de Berlim de 1884/85 de uma ocupação efetiva de África.
Enquanto isso, em Moçambique, um Hitler negro está a empurrar o Pais para o retorno de um conflito armado de proporções violentas e também mortíferas para conseguir se manter no poder por tempo que julgar satânico para satisfazer os seus interesses.


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